A Moça do Bar - Parte III  

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Ela entrou rapidamente em seu apartamento, bateu a porta e a escorou com as costas como que para impedir que alguém entrasse. Por que será que todos eles entendem tudo errado? Ela não queria magoá-lo. No fundo estava queimando de desejo, queria aquele beijo tanto quanto ele, talvez mais. Mas por que arriscar? logo ele seria só mais um, iria sair da vida dela como todo mundo que ela amava. Porque passar por tudo isso novamente? Era doloroso.

Então ela percebeu um murmúrio dentro de casa, será que havia entrado alguém? Ela se perguntou. Com o olhar procurou a origem do som, apenas para perceber que havia deixado o rádio ligado. No momento passava uma música que ela não conhecia:

"No creas que perdió sentido todo 
no dificultes la llegada del amor 
no hables de mas, escucha el corazón"


Só então ela percebeu que bloqueava a porta não para impedi-lo de entrar e sim para impedir-se de sair. Deixou o medo de lado e resolveu entregar-se ao que sentia. Escancarou a porta e correu para encontrá-lo.


A Moça do Bar - Parte II  

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Ela acordou e estava só. Havia trabalhado duro nos últimos dias e acabou pegando no sono na noite anterior. Há muito não passava uma noite assim tão agradável, estava farta de encontros vazios e aquele definitivamente não foi um desses. Não precisou forçar simpatia como costumava ser obrigada a fazer. Levantou-se e procurou por ele pela casa, mas não estava lá. Já era tarde e deveria se aprontar para o trabalho.
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Eu não conseguiu dormir, ela invadia meus pensamentos. Não consegui ficar mais na cama, o relógio marcava 4h10min. Fui para o chuveiro, isso me ajudava a pensar. Ela permeava minha mente. Fiz café e comecei a planejar o dia, não trabalhava aos sábados, mas precisa colher alguns dados de um experimento ativo. Fui interrompido pelo telefone que tocava, quem ligaria tão cedo?

A mulher de preto  

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Carlos, um amigo que eu não via há muito tempo ligou convidando para almoçar, trabalhávamos no centro. Convidou também ao Pedro, Joaquim e Danilo. Carlos era ex-gordo, conhecia os melhores restaurantes da cidade.
Ele fez reservas em uma temakeria na Galeria Metrópole, disse que seria impossível conseguir um lugar lá em plena sexta feira sem reserva. Nossa mesa era fora, num canto tranquilo. Nunca gostei muito de temaki, olhava para o cardápio e não demorei muito para escolher o de salmão. Carlos não conseguia decidir qual era melhor. Enquanto isso, três garotas entraram no perímetro e pegaram uma mesa do outro lado, o lado movimentado, mas de frente para a nossa. Eram garotas normais, atraentes. A mais bonita era morena, usava um vestido preto, curto, que realçava a palidez da sua pele.

A Moça do Bar  

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Lá estava eu no bar novamente, bebendo sozinho pela terceira vez aquela semana. Havia aquela garota, olhar felino, longos cabelos castanhos e encaracolados. A vi dançar e rir com os amigos nas últimas duas noites, hoje ela estava ali, cabisbaixa, sentada no balcão com um copo de Whisky. Eu bebia chopp. Como as coisas mudam, não é? Enquanto eu refletia sobre isso, olhando o meu copo percebi que ela já não estava mais lá. Eu poderia ter puxado conversa, estava se tornando corriqueiro perder sem ao menos tentar.

Carta à Mercedes.  

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Mercedes Herrera,


Há quanto tempo. Como está? A nave finalmente começou a voltar à Terra. Infelizmente o capitão ficou doente. Não acho que seja sério, mas parece que nossa chegada demorará mais um pouco. Sinceramente, esperava chegar em casa agora para te abraçar. Naquele dia em que zarpamos pude ver as luzes de Marselha da portinhola enquanto elas se afastavam. Todo dia eu penso naquela luz, na luz das pessoas que amo. Guiado por ela, nunca saio de meu caminho ou deixo de ser eu mesmo. Aquela luz que brilha tão forte no nosso futuro é a felicidade. Então por favor não se preocupe e espere por mim. Ao invés de abraçá-la agora, eu digo isso: Espere, e tenha esperança.


A minha amada Mercedes.



De coração,
seu Edmond Dantés.